sexta-feira, 31 de agosto de 2007

O que é Sadomasoquismo?






















No final do século XIX, inicio do século XX, pensávamos que o sadomasoquismo fosse uma perversão, um desvio da sexualidade, produto e produtor de transtornos psicológicos/psiquiátricos. Até que Freud, com seus estudos sobre a sexualidade humana, veio a nos ensinar: Toda sexualidade humana é pervertida, ou melhor, a diferença entre a sexualidade humana e a sexualidade animal é que a nossa é pervertida.
Declinemos com cuidado a afirmação acima, para isto será obrigatório perguntar sobre o que é perversão, e depois, o que é normalidade e por ultimo discutir um pouco sobre a sexualidade humana.
Perversão é ‘um desvio de comportamento e das práticas sexuais normais’. Está claro aqui que o normal não pode ser o mais freqüente, o conceito de normal para a estatística, se assim fosse, a ausência de orgasmo na mulher até a alguns anos atrás seria normal, já que elas eram ensinadas a não ter prazer, hoje, não conheço as estatísticas, mas não me estranharia encontrar a ausência de felicidade erótica/sexual na maioria dos terráqueos. Não se pode imaginar que estamos falando do normal estatístico, portanto, até porque, se verá a seguir, a perversão é o normal neste sentido.
Então, o que quer dizer ‘normal’? Quando se fala em desvio sexual, está se utilizando uma definição funcional de normalidade, no sentido, por exemplo, de um braço e uma perna que nasceu ‘anormal’, ou seja, uma mão que não tem os dedos, um pé que não se sustenta, não serve à função que deveria servir, para a qual existe.
Para que a sexualidade existe? Para que a nossa espécie não se extinga, para a reprodução. Sexo anormal é o sexo que se afasta da procriação. Adotemos por ora esta definição, cônscios do seu caráter biologicista. Por ela, somos forçados pela evidencia a reconhecer que toda a sexualidade humana se afasta da normalidade, ou seja, é perversa.
Afinal, se estivéssemos falando de procriação, pensando no exagero de 5 filhos por casal, ou por mulher já que é ela que pare os filhotes, e pensando que a cada 5 vezes que a copula ocorrer se terá uma boa probabilidade em media de engravidar-se, então faríamos algo como 20 ou 25 vezes sexo durante a nossa vida (!), no entanto, nos desenvolvemos enquanto sociedade no sentido de tornar o sexo livre da procriação, através de todos os métodos anticoncepcionais, ou seja, tornar o sexo livre de sua função biológica, ‘anti-natural’ poder-se-ia dizer.
No plano do ato sexual estrito senso, tudo fazemos para que ele se afaste mais e mais da procriação, e consideramos o sexo satisfatório quando e somente quando se torna independente da procriação, nas preliminares (quando não como a própria finalidade dos gestos) nos utilizamos de sexo oral, colocar o sexo do parceiro na boca, caricias quanto mais longas melhor, iludimos o tempo para retardar o derramamento do esperma do macho no útero da fêmea, exatamente o que a biologia está a pedir. Flores, consolos, conversas a meia luz, jantares regados a vinho. Consideramos o sexo bom quando ele se afasta do biológico. Quanto mais perverso melhor. Passeie um minuto pelas fantasias humanas, e verá que tem apenas uma função: Divorciar o sexo da procriação, torna-lo cada vez mais perverso.
Avalie a qualidade da relação sexual, em qualquer parâmetro, sob qualquer ótica. O sexo será considerado prazeroso quando, e somente quando, se afastar da procriação. O prazer que temos na sexualidade é o de expulsar o animal que carregamos dentro de nós. Por vezes uma mulher muito excitada gosta de se considerar uma ‘cadela’, nada mais longe da verdade, uma cadela não chupa seu macho, não permite que lhe penetre o rabo, não retarda o gozo até que ele exploda, humana, isto sim, estou tão tesuda quanto uma mulher, é o que devera ser dito por aquela mulher, ao contrario, estou tão frigida como uma cadela.
Neste sentido, como se viu, a nossa infinita capacidade de perverter o sexo aparece com toda a sua força, passa a ser sinônimo de humanidade: O quão humano a tua sexualidade é? Depende do quanto é capaz de ser perversa.
Agora é possível perceber: e o sadomasoquismo? Tão perverso quanto qualquer outro estilo, mesmo que seja o papai/mamãe. Mas com uma diferença: Não mente. O sadomasoquismo é um estilo de sexualidade que sabe da perversidade do humano e assume. O sadomasoquismo, ao contrario de tantos outros estilos, é uma sexualidade honesta.

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