domingo, 9 de setembro de 2012

Do Novo Ídolo

Estado, chamo eu, o lugar onde todos, bons ou maus, são bebedores de veneno; Estado, o lugar onde todos, bons ou maus, se perdem a si mesmos; Estado, o lugar onde o lento suicídio de todos chama-se – “vida”!
Olhai esses supérfluos! Roubam para si as obras dos inventores e os tesouros dos sábios; “culturas” chamam a seus furtos – e tudo se torna, neles, em doença e adversidade!
Olhai esses supérfluos! Estão sempre enfermos, vomitam fel e lhe chamam “jornal”. Devoram-se uns aos outros e não podem, sequer, digerir-se.
Olhai esses supérfluos! Adquirem riquezas e, com elas, tornam-se mais pobres. Querem o poder e, para começar, a alavanca do poder: muito dinheiro – esses indigentes!
Olhai como sobem trepando, esses ágeis macacos! Sobem trepando uns por cima dos outros e atirando-se mutuamente, assim no lodo e no abismo.
Ao trono, querem todos subir: é essa a sua loucura. Como se no trono estivesse sentada a felicidade! Muitas vezes, é o lodo que está no trono e, muitas vezes, também o trono no lodo.
Dementes, são todos eles, para mim, e macacos sobre excitados. Mau cheiro exala o seu ídolo, o monstro frio; mau cheiro exalam todos eles, esses servidores de ídolos!
Porventura, meus irmãos, quereis sufocar nas exalações de seus focinhos e de suas cobiças? Quebrai, de preferência, os vidros das janelas e pulai para o ar livre!
Fugi do mau cheiro! Fugi da idolatria dos supérfluos!
Fugi do mau cheiro! Fugi da fumaça desses sacrifícios humanos!
Também agora, ainda a terra está livre para as grandes almas. Vazios estão ainda para a solidão a um ou a dois, muitos sítios, em torno dos quais bafeja o cheiro de mares calmos.
Ainda está livre, para as grandes almas, uma vida livre. Na verdade, quem pouco possui, tanto menos pode tornar-se possuído. Louvado seja a pequena pobreza!
Onde cessa o Estado, somente ali começa o homem que não é supérfluo – ali começa o canto do necessário, essa melodia única e insubstituível.
Onde o Estado cessa – olhai para ali, meus irmãos! Não vedes o arco-íris e as pontes do super-homem?


F. Nietzsche in Assim Falou Zaratustra

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Manifesto de repúdio


Diante dos eventos ocorridos no dia 27/08/2012 o Conselho de Alkania se vê compelido a publicar o seguinte manifesto de repúdio:

“Nós Goreanos, BDSMista e fetichistas Brasileiros maiores de idade, legalmente capazes e de posse de nossas faculdades mentais, que por livre e espontânea vontade, optamos por um estilo de vida e uma forma de relacionamento afetivo, exercendo o nosso direito a opção sexual, declaramos publicamente o nosso repúdio a todas as formas de pedofilia, de violência doméstica ou sexual.
Não compactuamos, praticamos, aprovamos, facilitamos ou fazemos apologia do envolvimento com crianças ou adolescentes segundo prescrito nos Códigos Civil e Criminal Brasileiros, bem como não aprovamos nenhuma forma de crime.
Não compactuamos, praticamos, aprovamos, facilitamos ou fazemos apologia de qualquer forma de violência doméstica ou de agressão contra vulnerável.
Somos absolutamente favoráveis que, quem quer que cometa crimes de pedofilia, bem como todas as formas de abuso contra vulneráveis, seja trazido à justiça, julgado e, quando achados culpados, condenados em toda a extensão da lei.
Repudiamos ainda, a atuação da imprensa sensacionalista, que vincula o nosso estilo de vida e a nossa opção sexual à prática de qualquer forma de crime.
Não praticamos crimes!
Não somos pedófilos!
Não agredimos a quem quer que seja!
Somos sim Goreanos, BDSMista e fetichistas. “Vivemos o nosso estilo de vida prezando pela sanidade na escolha das nossas práticas, com a preocupação com a segurança dos parceiros e, principalmente, com respeito pela consensualidade entre adultos.”
By Diante dos eventos ocorridos no dia 27/08/2012 o Conselho de Alkania se vê compelido a publicar o seguinte manifesto de repúdio:
“Nós Goreanos, BDSMista e fetichistas Brasileiros maiores de idade, legalmente capazes e de posse de nossas faculdades mentais, que por livre e espontânea vontade, optamos por um estilo de vida e uma forma de relacionamento afetivo, exercendo o nosso direito a opção sexual; declaramos publicamente o nosso repúdio a todas as formas de pedofilia, de violência doméstica ou sexual.
Não compactuamos, praticamos, aprovamos, facilitamos ou fazemos apologia do envolvimento com crianças ou adolescentes segundo prescrito nos Códigos Civil e Criminal Brasileiros, bem como não aprovamos nenhuma forma de crime.
Não compactuamos, praticamos, aprovamos, facilitamos ou fazemos apologia de qualquer forma de violência doméstica ou de agressão contra vulnerável.
Somos absolutamente favoráveis que quem quer que cometa crimes de pedofilia, bem como todas as formas de abuso contra vulneráveis, seja trazido a justiça, julgado e, quando achados culpados, condenados em toda a extensão da lei.
Repudiamos ainda a atuação da imprensa sensacionalista que vincula o nosso estilo de vida e a nossa opção sexual a prática de qualquer forma de crime.
Não praticamos crimes!
Não somos pedófilos!
Não agredimos a quem quer que seja!
Somos sim Goreanos, BDSMista e fetichistas. Vivemos o nosso estilo de vida prezando pela sanidade na escolha das nossas práticas; com a preocupação com a segurança dos parceiros; e principalmente com respeito pela consensualidade entre adultos.”

 By ChristianSword in Grupo RE-UNIÂO (Fetlife)

Texto publicado originalmente em http://www.alkania.com.br/index.php/77-comunicados/…


sábado, 25 de agosto de 2012

A Felicidade é um Sonho













Sentimos a dor, mas não a ausência da dor; sentimos a inquietação mas não a ausência; o temor, mas não a tranquilidade. Sentimos o desejo e a aspiração, como sentimos a sede e a fome; mas, apenas satisfeitos, se acabam, como o bocado que, uma vez engolido, já não existe para o nosso paladar. Enquanto possuamos os três maiores bens da vida, saúde, mocidade e liberdade, não temos consciência deles, e só com a perda deles é que os apreciamos, porque são bens negativos. Somente os dias de tristeza é que nos fazem recordar as horas felizes da vida passada. À medida que os prazeres aumentam, nossa sensibilidade diminui; o hábito já não é um prazer. As horas passam lentamente quando estamos tristes; correm rapidamente quando são agradáveis; porque a dor é positiva e faz sentir sua presença. O aborrecimento nos dá a noção do tempo e a distração nos faz esquecer. Isto prova que a nossa existência é mais feliz quando menos a sentimos: de onde se deduz que mais felizes seríamos se nos livrássemos dela. Uma grande alegria, assim não a julgaríamos se ela não viesse atrás de uma grande dor. Não podemos atingir um estado de alegria serena e duradoura. Esta é a razão porque os poetas são obrigados a rodear seus protagonistas de tristes ou perigosas circunstâncias, para no fim os livrar delas. No drama e na poesia épica, o herói sofre mil torturas: nos romances os heróis lutam pondo em relevo os tormentos do coração humano. “A felicidade não passa de um sonho – dizia Voltaire, tão favorecido pelo destino? – a única realidade é a dor”. E acrescenta: “Há oitenta anos que a experimento e nada faço senão resignar-me e dizer a mim mesmo que as moscas nasceram para serem comidas pelas aranhas, e os homens para serem devorados pelos desgostos”.

Arthur Schopenhauer in "A morte e a dor"

sábado, 21 de janeiro de 2012

A Intuição é mais Forte que a Razão

Devemos sempre dominar a nossa impressão perante o que é presente e intuitivo. Tal impressão, comparada ao mero pensamento e ao mero conhecimento, é incomparavelmente mais forte, não devido à sua matéria e ao seu conteúdo, amiúde bastante limitados, mas à sua forma, ou seja, à sua clareza e ao seu imediatismo, que penetram na mente e perturbam a sua tranquilidade ou atrapalham os seus propósitos. Pois o que é presente e intuitivo, enquanto facilmente apreensível pelo olhar, faz efeito sempre de um só golpe e com todo o seu vigor. Ao contrário, pensamentos e razões requerem tempo e tranquilidade para serem meditados parte por parte, logo, não se pode tê-los a todo o momento e integralmente diante de nós. Em virtude disso, deve-se notar que a visão de uma coisa agradável, à qual renunciamos pela ponderação, ainda nos atrai. Do mesmo modo, somos feridos por um juízo cuja inteira incompetência conhecemos; somos irritados por uma ofensa de carácter reconhecidamente desprezível; e, do mesmo modo, dez razões contra a existência de um perigo caem por terra perante a falsa aparência da sua presença real, e assim por diante. Em tudo se faz valer a irracionalidade originária do nosso ser.

Arthur Schopenhauer, in ''Aforismos para a Sabedoria de Vida'