domingo, 30 de setembro de 2007

Abusadores entre nós...

É uma verdade indiscutível que dentro da comunidade BDSM existem os abusadores físicos, emocionais e mentais. O número parece ser razoavelmente pequeno, mas, descobrir e identificar estes abusadores dentro desta comunidade é muito difícil. Quando suas máscaras caem, ficam longe o tempo suficiente para que outra(o) não o identifique e frequentemente é tarde demais para as(os) submissas(os) que eles vitimizaram. Dentro desta comunidade, uma comunicação aberta e livre é essencial. Aqueles que limitam ou tentam limitar esta comunicação, ou tentam isolar suas submissas ou submissos do contato com outros devem ser cuidadosamente avaliados. Se o dominador não puder confiar em sua submissa publica e abertamente, então está controlando o fluxo de informações para dirigir ou perverter a compreensão da submissa ou sua auto-estima é tão baixa que não pode permitir qualquer coisa que se oponha ao que ele passa para ela como verdades incontestáveis. Isto indica uma mente fechada.Em relações D/s, a existência de segredos herméticos é perigosa e prejudicial. Se uma pessoa tenta esconder algo, significa que ela tem algo a esconder,e isso é perigoso.

Os membros desta comunidade são mais vulneráveis de serem acusados de abuso do que todas as outras comunidades de minorias existentes. Por causa disso, a comunidade tende a falar muito sobre abuso e consentimento. A linha que separa BDSM e abuso é o consentimento.Não defender, enganar, ser desonesto, a fim de atrair ou seduzir alguém em uma posição controlada, sem consentimento do indivíduo é abuso. Encontrar e identificar abusadores e policiar nossa comunidade é nosso trabalho. Dentro da comunidade de BDSM as redes existem.Fique alerta, compartilhe informações, unam-se contra esse tipo de gente. O que nós fazemos é perigoso, ilegal e inaceitável aos olhos da sociedade. Isto não significa que sejamos pessoas sem bons instintos, moralidade,caráter e ética. A tolerância ao jogo não consensual é 0%. Se você ou qualquer um que você conheça estiver em uma situação não consensual é importante compreender que isto não é D/s. Se você for submissa(o) e alguém feri-la(o), diga a outras(os) submissas(os) e dominadores(as) em sua área. Impeça que este predador faça outras vítimas.

A melhor linha de defesa é a comunicação. O isolamento é uma das ferramentas preliminares usadas por um abusador. Um dominador de boa vontade incentiva a vida externa de sua submissa para que ela permaneça bem informada, com interesses comuns a uma pessoa inteligente, passeios,passatempos, uma carreira etc.. Se uma pessoa lhe estiver causando dano mental ou espiritual,ela não está agindo como uma força positiva em sua vida. Se os resultados de suas atividades a deixarem ferida, sentindo-se sub-humana(o) ou receosa(o) e proibida de dar opinião. . . Peça Ajuda! Muitas pessoas dentro desta comunidade são sobreviventes de abuso. Não têm NENHUM desejo de serem re-vitimizadas ou vitimizadas. Quando uma pessoa identifica-se como dominador(a) e se utiliza de termos tais como “minhas vítimas” referindo-se a submissas(os) está expressando algo que pode ser entendido como um abusador em potencial. Nós não fazemos vítimas de nossas(os) submissas(os). Se alguém considera a(o) submissa(o) como descartável, um lixo, um mero objeto sem importância, há indícios de que algo esta muito errado com essa pessoa. Nós somos sensíveis a linguagem e nós devemos remover as ervas daninhas para longe de nosso meio quando identificarmos estes predadores. Eles jamais serão bem-vindos aqui. Para você que está lendo este texto e que pode ser um abusador: evidentemente que nós o identificaremos. Se você veio a esta comunidade a procura de sexo fácil com liberdade para bater, humilhar e destruir, nós o encontraremos, nós o reconheceremos e nós saberemos quem é você. Como uma comunidade, somos julgados e fiscalizados por nós mesmos. Tolerá-lo dentro de nossa comunidade nos rebaixaria a todos ao seu nível, e isso é intolerável.

SeuDonoeSenhor
SDS



quarta-feira, 26 de setembro de 2007

BDSM deve proporcionar prazer,não traumas...


Quem possui,cuida e não destrói,não massacra,não abusa.Cuidado,saiba a quem está entregando o contrôle de seu corpo,de sua mente,de sua vida...Poucos merecem esse privilégio.....
É tão triste constatarmos que algo tão sublime e gratificante como é o nosso velho SM,seja em que modalidade for, vem sendo vilipendiado e escrachado por maus praticantes,verdadeiros trogloditas...Mas,na verdade,a culpa principal,infelizmente,recai em vc submissa(o),que abre mão do que de mais precioso vc possui: o amor próprio.Ame a sí mesma(o) antes de tudo,e estará preparada(o) para doar-se a alguém,porém,com segurança,preservando assim sua integridade física,sua saúde,sua vida.Vc vive no planeta terra,pés firmes no chão,e tem pessoas que a(o) amam e,muitas vezes,dependem de vc.Prazer sim,estupidez,não.Vc é inteligente,não abra mão disso,e utilze essa inteligência a seu favor.Defenda-mos o direito ao prazer,ao amor e,sobretudo,à vida...

sexta-feira, 21 de setembro de 2007






















Na bebida não é o álcool o que mais me atrai. Eu tomo o vinho porque antes o consagro no Altar da Alegria. E nele me agradam a cor e o sabor - além de me lembrar Jesus e seus milagres. Às vezes eu pego até uma Perrier, só para praticar a transformação. Mas, geralmente, é o próprio Baco quem me abre as garrafas todo dia. Solenemente.

Também na cerveja não é o álcool que me encanta. É o lúpulo dourado e o brilho do sol no copo transparente. Tomo-a porque ela envolve-me a sede, hidrata-me o corpo, fornece-me assunto. Claro que também a consagro antes do primeiro gole. E o bar sempre vira um barco - e o barco, por sua vez, vira uma catedral. E eu bebo-a, delicadamente, porque a espuma me lembra Afrodite beijando-me os lábios na areia macia.

Assim também acontece com o delicioso Absinto, que só tomo quando Oscar Wilde, Baudelaire, ou Fernando Pessoa e sua Fada Verde me convidam.

Como se vê, eu não bebo para perder a Razão. Eu bebo por outras Razões..

Edson Marques

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

I do not want to be the leader




















"I do not want to be the leader. I refuse to be the leader. I want to live darkly and richly in my femaleness. I want a man lying over me, always over me. His will, his pleasure, his desire, his life, his work, his sexuality the touchstone, the command, my pivot. I don't mind working, holding my own ground intellectually, artistically; but as a woman, oh god, as a woman I want to be dominated. I don't mind being told to stand on my own feet, not to cling-- all that I am capable of doing. But I am going to be pursued, fucked, possessed by the will of a man at his time, his bidding." ~Anais Nin

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Desabafo de uma mulher moderna






















São 06:00h.
O despertador canta de galo e eu não tenho forças nem para atirá-lo contra a parede.
Estou tão acabada, não queria ter que trabalhar hoje.
Quero ficar em casa, cozinhando, ouvindo música, cantarolando, até!
Se tivesse cachorro, passearia com eles pelas redondezas.
Aquário? Olhando os peixinhos nadarem.
Espaço? Fazendo alongamento.
Leite condensado? Brigadeiro.
Tudo, menos sair da cama, engatar uma primeira e colocar o cérebro pra funcionar.
Gostaria de saber quem foi a mente capta, a matriz das feministas que teve a infeliz idéia de reivindicar os direitos da mulher? E por que ela fez isso conosco, que nascemos depois dela?
Estava tudo tão bom no tempo das nossas avós, elas passavam o dia a bordar, a trocar receitas com as amigas, ensinando-se mutuamente segredos de molhos e temperos, de remédios caseiros, lendo bons livros das bibliotecas dos maridos, decorando a casa, podando árvores, plantando flores, colhendo legumes das hortas, educando crianças, freqüentando saraus, a vida era um grande curso de artesanato, medicina alternativa e culinária.
Aí vem uma fulaninha qualquer que não gostava de sutiã tampouco de espartilho, e contamina várias outras rebeldes inconseqüentes com idéias mirabolantes sobre: "Vamos conquistar o nosso espaço".
QUE ESPAÇO MINHA FILHA!!!!!???
Você já tinha a casa inteira, o bairro todo, o mundo aos seus pés.
Detinha o domínio completo sobre os homens, eles dependiam de você para comer, vestir, e
se exibir para os amigos, que raio de direitos requerer?
Agora eles estão aí todos confusos, não sabem mais que papéis desempenharem na sociedade, fugindo de nós como o diabo da cruz!
Essa brincadeira de vocês acabou é nos enchendo de deveres, isso sim!
E, PIOR, nos largando no calabouço da solteirice aguda.
Antigamente, os casamentos duravam para sempre.
Por que, me digam por que, um sexo que tinha tudo do bom e do melhor, que só precisava ser frágil, foi se meter a competir com o macharedo?
Olha o tamanho do bíceps deles, e olha o tamanho do nosso? Tava na cara que isso não ia dar certo.
Não agüento mais ser obrigada ao ritual diário de fazer escova, maquiar, passar hidratantes, escolher que roupa vestir, que sapatos, acessórios, que perfume combina com meu humor, nem de ter que sair correndo, ficar engarrafada, correr risco de ser assaltada, de morrer atropelada, passar o dia ereta na frente do computador, com o telefone no ouvido, resolvendo problemas.
Somos fiscalizadas e cobradas por nos mesmas a estar sempre em forma, sem estrias, depiladas, sorridentes, cheirosas, unhas feitas, sem falar no currículo impecável, recheado de mestrados, doutorados e especialidades.
Viramos “Super-Mulheres", mas continuamos a ganhar menos do que eles.
Não era muito melhor ter ficado fazendo tricô na cadeira de balanço?
Chega!!!
Eu quero alguém que abra a porta para eu passar, puxe a cadeira para eu sentar, me mande flores com cartões cheios de poesia, faça serenatas na minha janela.
- Ai, meu Deus, são 7h 30, tenho que levantar! - e tem mais:
Que chegue do trabalho, sente no sofá, coloque os pés pra cima e diga:
"Meu bem me traz uma dose de whisky, por favor?"
Pois eu descobri que é muito melhor servir.
Ou pensam que estou ironizando? Estou falando sério!
Estou abdicando do meu posto de mulher moderna. Troco pelo de Amélia.

Alguém mais se habilita? Antes eu sonhava, agora nem durmo mais.

(Autoria desconhecida - Texto corrente na internet)

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Nem toda mulher...























"Nem toda mulher gosta de apanhar, só as normais. As neuróticas reagem".

(Nelson Rodrigues)

domingo, 2 de setembro de 2007

Talvez assim seja...























...Por outro lado, estou hoje um pouco cansada e é sobre o prazer do cansaço dolorido que vou falar. Todo prazer intenso toca no limiar da dor. Isso é bom. O sono, quando vem, é como um leve desmaio, um desmaio de amor.

Morrer deve ser assim: por algum motivo estar-se tão cansado que só o sono da morte compensa. Morrer às vezes parece um egoísmo. Mas quem morre às vezes precisa muito.

Será que morrer é o último prazer terreno?

Clarice Lispector in "A descoberta do mundo"

Pertencer

















Um amigo meu, médico, assegurou-me que desde o berço a criança sente o ambiente, a criança quer: nela o ser humano, no berço mesmo, já começou.

Tenho certeza de que no berço a minha primeira vontade foi a de pertencer. Por motivos que aqui não importam, eu de algum modo devia estar sentindo que não pertencia a nada e a ninguém. Nasci de graça.

Se no berço experimentei esta fome humana, ela continua a me acompanhar pela vida afora, como se fosse um destino. A ponto de meu coração se contrair de inveja e desejo quando vejo uma freira: ela pertence a Deus.

Exatamente porque é tão forte em mim a fome de me dar a algo ou a alguém, é que me tornei bastante arisca: tenho medo de revelar de quanto preciso e de como sou pobre. Sou, sim. Muito pobre. Só tenho um corpo e uma alma. E preciso de mais do que isso.

Com o tempo, sobretudo os últimos anos, perdi o jeito de ser gente. Não sei mais como se é. E uma espécie toda nova de "solidão de não pertencer" começou a me invadir como heras num muro.

Se meu desejo mais antigo é o de pertencer, por que então nunca fiz parte de clubes ou de associações? Porque não é isso que eu chamo de pertencer. O que eu queria, e não posso, é por exemplo que tudo o que me viesse de bom de dentro de mim eu pudesse dar àquilo que eu pertenço. Mesmo minhas alegrias, como são solitárias às vezes. E uma alegria solitária pode se tornar patética. É como ficar com um presente todo embrulhado em papel enfeitado de presente nas mãos - e não ter a quem dizer: tome, é seu, abra-o! Não querendo me ver em situações patéticas e, por uma espécie de contenção, evitando o tom de tragédia, raramente embrulho com papel de presente os meus sentimentos.

Pertencer não vem apenas de ser fraca e precisar unir-se a algo ou a alguém mais forte. Muitas vezes a vontade intensa de pertencer vem em mim de minha própria força - eu quero pertencer para que minha força não seja inútil e fortifique uma pessoa ou uma coisa.

Quase consigo me visualizar no berço, quase consigo reproduzir em mim a vaga e no entanto premente sensação de precisar pertencer. Por motivos que nem minha mãe nem meu pai podiam controlar, eu nasci e fiquei apenas: nascida.

No entanto fui preparada para ser dada à luz de um modo tão bonito. Minha mãe já estava doente, e, por uma superstição bastante espalhada, acreditava-se que ter um filho curava uma mulher de uma doença. Então fui deliberadamente criada: com amor e esperança. Só que não curei minha mãe. E sinto até hoje essa carga de culpa: fizeram-me para uma missão determinada e eu falhei. Como se contassem comigo nas trincheiras de uma guerra e eu tivesse desertado. Sei que meus pais me perdoaram por eu ter nascido em vão e tê-los traído na grande esperança. Mas eu, eu não me perdôo. Quereria que simplesmente se tivesse feito um milagre: eu nascer e curar minha mãe. Então, sim: eu teria pertencido a meu pai e a minha mãe. Eu nem podia confiar a alguém essa espécie de solidão de não pertencer porque, como desertor, eu tinha o segredo da fuga que por vergonha não podia ser conhecido.

A vida me fez de vez em quando pertencer, como se fosse para me dar a medida do que eu perco não pertencendo. E então eu soube: pertencer é viver. Experimentei-o com a sede de quem está no deserto e bebe sôfrego os últimos goles de água de um cantil. E depois a sede volta e é no deserto mesmo que caminho.

Clarice Lispector in "A descoberta do mundo"

Amor meu...



















Amor meu,

me compreende,
te quero toda,

dos olhos aos pés e unhas,
por dentro,
e toda a claridade, a que guardavas.

Sou eu, meu amor,
quem bate à tua porta.

Não é o fantasma,

não é a que antes se deteve
defronte de tua janela.

Eu boto a porta abaixo:
entro em toda a tua vida:
vou viver em tua alma:

tu não podes comigo.

Tens que abrir a porta,

tens que me obedecer,

tens que abrir os olhos

para que eu saiba deles,

tens que ver como ando

com passos pesados
por todos os caminhos
que, cegos, me esperavam.

Não me temas,

sou teu,

mas

não sou passageiro, nem o mendigo,

sou teu dono,

o que tu esperavas,

e agora entro em tua vida,

para não sair mais,

amor, amor, amor,

para ficar.


Pablo Neruda

È assim que te quero...














É assim que te quero, amor,
assim, amor, é que eu gosto de ti,
tal como te vestes
e como arranjas
os cabelos e como
a tua boca sorri,
ágil como a água
da fonte sobre as pedras puras,
é assim que te quero, amada,
Ao pão não peço que me ensine,
mas antes que não me falte
em cada dia que passa.
Da luz nada sei, nem donde
vem nem para onde vai,
apenas quero que a luz alumie,
e também não peço à noite explicações,
espero-a e envolve-me,
e assim tu pão e luz
e sombra és.
Chegastes à minha vida
com o que trazias,
feita
de luz e pão e sombra, eu te esperava,
e é assim que preciso de ti,
assim que te amo,
e os que amanhã quiserem ouvir
o que não lhes direi, que o leiam aqui
e retrocedam hoje porque é cedo
para tais argumentos.
Amanhã dar-lhes-emos apenas
uma folha da árvore do nosso amor, uma folha
que há-de cair sobre a terra
como se a tivessem produzido os nosso lábios,
como um beijo caído
das nossas alturas invencíveis
para mostrar o fogo e a ternura
de um amor verdadeiro.

Pablo Neruda