quarta-feira, 30 de abril de 2008

A vida é dôr...

Quem deseja, sofre; quem vive, deseja; a vida é dor.

Quanto mais elevado é o espírito do homem, mais sofre.

A vida não é mais do que uma luta pela existência com a certeza de sermos vencidos.

A vida é uma incessante e cruel caçada onde, às vezes como caçadores, outras como caça, disputamos em horrível carnificina os restos da prêsa.

A vida é uma história da dôr, que se resume assim: sem motivo queremos sofrer e lutar sempre, morrer logo, e assim consecutivamente durante séculos dos séculos, até que a Terra se desfaça.

Schopenhauer

Mais vale nada saber...

"Mais vale nada saber do que saber de muitas coisas só metade! Mais vale ser um louco à minha maneira do que um sábio ao sabor dos outros! Eu vou ao fundo, que importa que seja grande ou pequeno? Que se chame céu ou pântano? Um fundo grande como uma mão é suficiente para mim: desde que seja um verdadeiro terreno! um fundo grande como a mão: aí pode uma pessoa estar de pé. No verdadeiro saber da consciência nada há de grande ou de pequeno."

Assim falou Zaratustra-
Nietzsche

Irina Palm-Sinopse do filme









Apesar de despender todos os recursos para salvar seu neto Ollie, que está com uma grave doença, Maggie não consegue pagar o tratamento. Seu filho Tom, também sem condições, descobre na Austrália uma alternativa gratuita para o garoto, mas para isso eles precisam do dinheiro das passagens e da hospedagem. O desespero toma conta de Maggie, que já vendeu tudo o que tinha, até que ela é atraída por um anúncio de emprego como atendente em um clube de sexo.

Ao procurar mais informações, descobre que a vaga é, na verdade, de "masturbadora". Apesar de seu recato, a viúva se sente pressionada pela possibilidade da morte do neto, e a chance de altos ganhos faz com que aceite o trabalho. Com o passar dos dias e um nome artístico, Irina Palm se torna a melhor da cidade, conseguindo ganhar o suficiente para as despesas. Porém, a dificuldade de manter duas vidas faz com que ela se afaste de suas amigas e da família.

Irina Palm é dirigido por Sam Garbarski, o mesmo de O Tango de Rashevski. A protagonista é interpretada pela cantora Marianne Faithfull, famosa nos anos 60, principalmente por sua relação com os Rollings Stones, que inclui um caso com Mick Jagger. O filme participou da seleção oficial do Festival de Berlim de 2007.

Matéria no Uol

Trailer


domingo, 13 de abril de 2008

A Vontade




As cenas de nossa vida são como imagens em um mosaico tosco; vistas de perto, não produzem efeitos – devem ser vistas à distância para ser possível discernir sua beleza. Assim, conquistar algo que desejamos significa descobrir quão vazio e inútil este algo é; estamos sempre vivendo na expectativa de coisas melhores, enquanto, ao mesmo tempo, comumente nos arrependemos e desejamos aquilo que pertence ao passado. Aceitamos o presente como algo que é apenas temporário e o consideramos como um meio para atingir nosso objetivo. Deste modo, se olharem para trás no fim de suas vidas, a maior parte das pessoas perceberá que viveram-nas ad interim [provisoriamente]: ficarão surpresas ao descobrir que aquilo que deixaram passar despercebido e sem proveito era precisamente sua vida – isto é, a vida na expectativa da qual passaram todo o seu tempo. Então se pode dizer que o homem, via de regra, é enganado pela esperança até dançar nos braços da morte! Novamente, há a insaciabilidade de cada vontade individual; toda vez que é satisfeita um novo desejo é engendrado, e não há fim para seus desejos eternamente insaciáveis. Isso acontece porque a Vontade, tomada em si mesma, é a soberana de todos os mundos: como tudo lhe pertence, não se satisfaz com uma parcela de qualquer coisa, mas apenas como o todo, o qual, entretanto, é infinito. Devemos elevar nossa compaixão quando consideramos quão minúscula a Vontade – essa soberana do mundo – torna-se quando toma a forma de um indivíduo; normalmente apenas o que basta para manter o corpo. Por isso o homem é tão miserável.

Arthur Schopenhauer

imagem:


O Tempo eleva a Verdade dentre a Disputa e a Inveja

Nicolas Poussin, 1640-2
Musée du Louvre, Paris


sábado, 12 de abril de 2008

Falso dominador













Um dos assuntos discutidos no meio BDSM é a figura do "falso Dominador".

Com a facilidade da internet essa figura aparece como papel trazido pelo vento e faz suas "vitimas" entre as incautas submissas, não menos ignorantes no assunto que ele.

O falso Dominador não tem em si vocação para Dominar, não é sádico, nem compreende toda a responsabilidade do jogo de Dominação e submissão. Não gosta nem sente prazer no jogo por inteiro. Está apenas interessado em sexo fácil e imagina ter numa submissa apenas isso, alguém de quem possa abusar, satisfazendo sua lascívia sexual comum, que talvez tenha dificuldade para realizar com mulheres "baunilha" - comuns - que muitas vezes exigem compromissos e se mostram mais limitadas sexualmente. Depois ele, como bom cafajeste e não fazendo idéia do que seja submissão, Dominação, Sadismo e masoquismo, passa a desprezar ou se desfaz da incauta como quem joga fora a embalagem do bombom que acabara de comer. Não têm nenhum compromisso com ética ou seriedade, querem apenas sexo e com urgência. Isto é diferente de não aprovar a submissa após algumas sessões de avaliação ou treinamento, pois os objetivos são diferentes dos objetivos do falso Dominador.

Estes homens ouvem falar em Dominação e submissão através da internet, um dos meios de informação mais práticos hoje em dia, e uma idéia "genial" lhes vêm à mente: Se virar(me passar por) um Dominador poderei conseguir uma escrava e, assim sendo, posso fazer com ela tudo o que eu quiser, então, poderei satisfazer todos os meus desejos sexuais, que ela, em sua condição de escrava, ainda nada poderá me exigir. É perfeito! e, imaginando que escravas submissas são mulheres fáceis que aceitam qualquer um, partem para os chats em busca delas, excitados com a falsa idéia de que são meras "vadias", sedentas de sexo e que cairão fácil da dele.

Amantes comuns, para quem não pode se envolver demais, pode ser um problema, então passar a ser um Dominador pode ser conveniente. Já que escravas devem ser obedientes e se portar da forma como este determinar, não lhe criarão problemas. Geralmente tais dominadores não dão nenhum valor à submissão, não vêem numa submissa uma parceira de valor, com quem poderão exercer o seu sadismo, até porque não há sadismo, mas apenas uma "vadia", que atende convenientemente ao seu propósito sexual comum ou fetiche, coisa a que uma "baunilha chata" - mulher comum e preconceituosa - que exige compromisso, nem sempre se dispõe.

Muitas vezes o suposto Dominador percebe rápido o seu engano quanto a encontrar sexo fácil, se decepciona e não volta a aparecer, mas por outras o indivíduo é persistente e passa a figurar entre os adeptos sinceros de BDSM, até que acaba por convencer e encontrar uma parceira, com quem vai praticar o "seu BDSM" desvirtuado, sendo muitas vezes até manipulado e vergado pela suposta sub para conseguir o que quer - sexo.

Alguns leram ou ouviram falar na liturgia entre Tops e bottons e, fazendo uma idéia errada do que é ser um Dominador, passam a tratar submissas com grosseria e arrogância, imaginando ser necessariamente assim que se porta um autêntico Dominador e que assim irão atraí-las. Despertam com isso antipatia não só por si, mas também pela figura do Dominador, o que é lamentável. Mas autênticas submissas sabem separar o que faz este indivíduo de um Dominador Sádico autêntico.

Outros motivos, além do sexo fácil, podem levar um indivíduo a se passar por um Dominador BDSM. Um indivíduo violento, portador de profundas frustrações e traumas, que necessita de auto-afirmação para livrar-se do complexo de inferioridade, pode se aproveitar da posição de Dominante numa sessão para descarregar toda sua violência reprimida socialmente sob o pretexto de ter prazer erótico nisso, o que para uma submissa autêntica é o suficiente, pois dar prazer é o seu prazer. Este indivíduo vê numa escrava submissa ou submisso apenas um "saco de pancadas" para sua insana terapia e não uma fonte de prazer, portanto engana, não é um autêntico Dominador Sádico, mas apenas um homem violento e frustrado, tentando covardemente sentir-se melhor numa posição que não é a sua e não lhe pertence legitimamente. (Não confundir um Dominador mais severo e sádico com este indivíduo).

Faz-se necessário salientar a diferença entre um Dominador iniciante, sem muita experiência, ou um Dominador mais "light" de um falso Dominador. A maior diferença são os objetivos da Dominação, a sinceridade e transparência de propósitos, o que uma submissa ou submisso mais atencioso e de bom senso poderá constatar nos contatos que tiver e nas informações que colher. Um Dominador autêntico, seja "light" ou iniciante, traz dentro de si a vocação para Dominar e não faz montagens ou imitações do que leu ou ouviu por ai. Não precisa passar-se por alguém que não seja, almejando atingir objetivos escusos. Um iniciante ou "light" autênticos sentem prazer sincero nas práticas SM e/ou no jogo D/s e seu interesse em tais coisas poderá ser notado se, com mais atenção e sagacidade, forem avaliados. Há que se avaliar quais os objetivos reais do Dominador. Exclusivamente o prazer erótico obtido através das práticas SM e/ou do jogo D/s, onde o sexo seja apenas mais uma das inúmeras práticas do jogo e não o único objetivo? Eis um Dominador autêntico diante de ti, bottom, aproveite!

Não é correto dizer que um Dominador é um falso Dominador apenas por não ser tão simpático como se desejaria, ou porque não satisfez determinada escrava, submetendo-se às suas vontades ou ao seu jeito de ser Dominada, ou ainda porque sua ex-sub, muito magoada com o fim do relacionamento, sai por ai difamando-o injustamente; nem tampouco por não haver nele afinidades com certa escrava submissa, ou por ter pontos de vista SM ou D/s diferentes da maioria, desde que estes pontos de vista não sejam distorcidos para atender às suas conveniências pessoais, distantes do SM e do D/s verdadeiros.

Bem, muito há para se falar e se aprender em termos de Sadomasoquismo e para quem está entrando nesse universo agora, espero ter dado a minha contribuição para que sua permanência nele seja repleta de prazeres e satisfação, reduzindo um pouco mais as eventuais frustrações que possam surgir em sua jornada como sub ou como Dom.



texto pesquisado em <http://br.geocities.com/domtormentos/falso_dom.htm>


Falsa sub











Pode não parecer, mas como existem os falsos Dominadores, existem também os falsos submissos e submissas. Os motivos que levam as pessoas a este embuste são diversos e para tratar da falsa submissão vou dividir o assunto em duas partes. A primeira parte; a falsa submissão feminina e a segunda; a falsa submissão masculina.

PRIMEIRA PARTE:

O que torna uma submissa uma falsa submissa, como é de se imaginar, são os objetivos da sua submissão. Desde que não seja o sincero prazer erótico obtido através do ato de servir ao Dominador que ela escolher e aceitar, ela é uma falsa submissa. Ela pode aceitar se submeter porque apaixonou-se ou ama um Dominador ou Sádico, mas não sente nenhum prazer na prática e sinceramente desejaria que Ele fosse diferente. Nesse caso a sua carência afetiva a faz submissa e não o prazer erótico, ou melhor dizendo, sua carência a faz uma falsa submissa. Outras vezes por frustrações nos seus relacionamentos convencionais, onde os homens aparentemente são muito mais exigentes quanto a beleza física, atributo do qual ela não é lá muito bem dotada, e a concorrência é grande, ela resolve conhecer novos universos, mas mais uma vez por pura carência afetiva. Nesse caso ela acaba por conhecer um Dominador e aceita submeter-se às práticas BDSM em troca de um pouco de afeto e atenção, mas isso não a faz uma autêntica submissa, cujo o prazer está no servir e não na pessoa em si, ou no preenchimento de uma lacuna afetiva aberta na alma.
Não é culpa do Dominador não conseguir êxito com tais submissas, porque na verdade são falsas submissas, incapazes de se entregar realmente pelo prazer da submissão. Só conseguem "se entregar" se conquistadas como qualquer outra mulher comum e muitas vezes durante a relação tentam inverter os papeis manipulando o Dominador para atender suas vontades e exigências, à base de chantagens emocionais e de um conceito distorcido de D/s
As vezes até conseguem e muitas já até sondam antes da entrega essa possibilidade. Não havendo não se entregam. O curioso é que se não conseguem, acusam-no muitas vezes de mau Dominador e se conseguem, embora o aprovem, lhe façam reverências e louvem o seu nome para melhor convencerem, ele comprova ser um mau Dominador, vergando-se aos caprichos sutis e exigências veladas de sua suposta escrava, em detrimento de suas próprias vontades.
É perfeitamente possível que a mulher por trás da escrava apaixone-se pelo homem por trás do Dominador e vice versa, mas sua submissão não deve estar condicionada a isso, mas às qualidades, características e afinidades que ele apresentar como Dominador. É isso o que interessa a uma autêntica escrava submissa quando está disponível e em busca de relacionamento.
Outros motivos para a falsa submissão existem e podem ser também, desde a simples busca de novas e momentâneas aventuras no campo sexual, até o desequilíbrio emocional e a tentativa de expiar através de um Sádico culpas que traga consigo, arquivadas nos labirintos do inconsciente.
Uma submissa iniciante, porém autêntica, pode começar errado e ter até propósitos menos sérios de início, por falta de informação, mas com o tempo vai se aperfeiçoando, até fazer reluzir todo o brilho de sua submissão. Já a falsa submissa não evolui, não adianta treinamento. Ela não quer sinceramente ser escrava, os seus objetivos, embora velados e talvez até inconscientes, são outros. Insiste em fazer prevalecer as suas vontades e não há nunca Dominador o bastante para ela, até talvez encontrar um suposto Dom que lhe atenda aos caprichos de mulher comum.
Algumas mulheres confundem o desejo comum, que a maioria das mulheres tem, em algum momento, de se relacionar sexualmente com um homem viril, que na cama, as posicione e manipule seus corpos com mais energia e as possua sexualmente de uma forma mais vigorosa e rude, com submissão no BDSM.
Gostar de ser manipulada com mais energia por seus amantes na cama, estarem sempre dispostas a fazer sexo com ele ou até mesmo aceitar uns tapas na cara nessa hora, sendo chamadas de prostitutas, não significa submissão BDSM. Uma relação D/s verdadeira extrapola em muito o ato sexual, porém tampouco é submissão entregar toda a vida a um suposto Dominador por pura conveniência, para que ele resolva todos os problemas ou diga como o fazer, já que assume o comando dela. Isto seria mais preguiça e comodismo que submissão.
SEGUNDA PARTE:
A falsa submissão masculina tem a mesma base, ou seja, da mesma forma, é quando não há no homem a vocação sincera, vinda de dentro de si, para se submeter e servir a uma mulher. Muitas vezes eles se submetem, ou tentam, à mulheres Dominadoras, Dommes, apenas para satisfazerem um fetiche ou fantasia, que necessariamente não significa submissão, como por exemplo, a prática da podolatria e da inversão de papéis. Já que Dommes exigirão ter seus pés beijados por seus escravos com certa freqüência e muitas se valerão da inversão de papeis (ela, utilizando vibrador preso à cintura, faz o papel do homem, penetrando-o no ânus e ele o da mulher, sendo penetrado), como forma de humilhação e tortura, eles se dispõem, digamos, a aceitar o restante em troca disto. Tais práticas necessariamente não são Sadomasoquistas e podem ser praticadas com mulheres comuns - "baunilha" - um pouco mais liberais, entretanto, não é comum elas aceitarem sem algum preconceito, por isso, muitos homens se passam por submissos apenas para conseguirem das Dominadoras BDSM a realização destas fantasias. Mas isso não faz deles autênticos submissos, já que o prazer não está na prática da submissão à uma mulher em si, mas na realização de determinado fetiche ou fantasia, utilizando-se da submissão apenas como um meio para isso e não um fim.
Existe em ambas as situações acima, tanto na submissão feminina como na masculina a questão da adequação e da afinidade entre Top e bottom, quanto as práticas a serem executadas nas sessões, mas quase sempre são muitos os limites de um falso submisso ou submissa. Procuram evitar as principais e mais básicas práticas SM que causem dor física, optando sempre pelo Bondage, o D/s a seu modo, o sexo e o Spanking, quando não simulado, muito moderado, além do próprio fetiche, é claro.
Sempre que a submissão for utilizada como meio de se obter algo que não seja o prazer erótico proporcionado por ela mesma, ou para manipulação sorrateira de quem Domina, com qualquer outro objetivo além do sincero e despretensioso servir e dar prazer, não é uma submissão autêntica, mas sim uma espécie de dominação pelo avesso, uma deturpação do conceito de submissão e de Dominação e assim não é possível a prática de um D/s verdadeiro.
Finalizando, desejo a você que está interessado em penetrar com seriedade no mundo BDSM, que busque, informe-se e usando de toda sua sinceridade, seja o conhecedor mais profundo de si mesmo e seja muito bem vindo. Tenha e dê muito prazer e não pare de estudar a si mesmo nem o BDSM e/ou Sadomasoquismo.

texto pesquisado em : <http://br.geocities.com/domtormentos/falsa_sub.htm>

AFINIDADE












A afinidade não é o mais brilhante, mas o mais sutil,
delicado e penetrante dos sentimentos.
O mais independente.

Não importa o tempo, a ausência, os adiamentos,
as distâncias, as impossibilidades.
Quando há afinidade, qualquer reencontro retoma a relação,
o diálogo, a conversa, o afeto, no exato ponto em que foi interrompido.
Afinidade é não haver tempo mediando a vida.

É uma vitória do adivinhado sobre o real.
Do subjetivo sobre o objetivo.
Do permanente sobre o passageiro.
Do básico sobre o superficial.
Ter afinidade é muito raro.

Mas quando existe não precisa de códigos verbais para se manifestar.
Existia antes do conhecimento, irradia durante e permanece depois
que as pessoas deixaram de estar juntas.
O que você tem dificuldade de expressar a um não afim, sai simples
e claro diante de alguém com quem você tem afinidade.

Afinidade é ficar longe pensando parecido a respeito dos mesmos
fatos que impressionam, comovem ou mobilizam.
É ficar conversando sem trocar palavra.
É receber o que vem do outro com aceitação anterior ao entendimento.

Afinidade é sentir com.
Nem sentir contra, nem sentir para, nem sentir por, nem sentir pelo.
Quanta gente ama loucamente, mas sente contra o ser amado.
Quantos amam e sentem para o ser amado, não para eles próprios.

Sentir com é não ter necessidade de explicar o que está sentindo.
É olhar e perceber.
É mais calar do que falar.
Ou quando é falar, jamais explicar, apenas afirmar.

Afinidade é jamais sentir por.
Quem sente por, confunde afinidade com masoquismo.
Mas quem sente com, avalia sem se contaminar.
Compreende sem ocupar o lugar do outro.
Aceita para poder questionar.
Quem não tem afinidade, questiona por não aceitar.

Só entra em relação rica e saudável com o outro,
quem aceita para poder questionar.
Não sei se sou claro: quem aceita para poder questionar,
não nega ao outro a possibilidade de ser o que é, como é, da maneira que é.
E, aceitando-o, aí sim, pode questionar, até duramente, se for o caso.
Isso é afinidade.
Mas o habitual é vermos alguém questionar porque não aceita
o outro como ele é. Por isso, aliás, questiona.
Questionamento de afins, eis a (in)fluência.
Questionamento de não afins, eis a guerra.

A afinidade não precisa do amor. Pode existir com ou sem ele.
Independente dele. A quilômetros de distância.
Na maneira de falar, de escrever, de andar, de respirar.
Há afinidade por pessoas a quem apenas vemos passar,
por vizinhos com quem nunca falamos e de quem nada sabemos.
Há afinidade com pessoas de outros continentes a quem nunca vemos,
veremos ou falaremos.

Quem pode afirmar que, durante o sono, fluidos nossos não saem
para buscar sintomas com pessoas distantes,
com amigos a quem não vemos, com amores latentes,
com irmãos do não vivido?

A afinidade é singular, discreta e independente,
porque não precisa do tempo para existir.
Vinte anos sem ver aquela pessoa com quem se estabeleceu
o vínculo da afinidade!
No dia em que a vir de novo, você vai prosseguir a relação
exatamente do ponto em que parou.
Afinidade é a adivinhação de essências não conhecidas
nem pelas pessoas que as tem.

Por prescindir do tempo e ser a ele superior,
a afinidade vence a morte, porque cada um de nós traz afinidades
ancestrais com a experiência da espécie no inconsciente.
Ela se prolonga nas células dos que nascem de nós,
para encontrar sintonias futuras nas quais estaremos presentes.
Sensível é a afinidade.
É exigente, apenas de que as pessoas evoluam parecido.
Que a erosão, amadurecimento ou aperfeiçoamento sejam do mesmo grau,
porque o que define a afinidade é a sua existência também depois.

Aquele ou aquela de quem você foi tão amigo ou amado, e anos depois
encontra com saudade ou alegria, mas percebe que não vai conseguir
restituir o clima afetivo de antes,
é alguém com quem a afinidade foi temporária.
E afinidade real não é temporária. É supratemporal.
Nada mais doloroso que contemplar afinidade morta,
ou a ilusão de que as vivências daquela época eram afinidade.
A pessoa mudou, transformou-se por outros meios.
A vida passou por ela e fez tempestades, chuvas,
plantios de resultado diverso.

Afinidade é ter perdas semelhantes e iguais esperanças,
é conversar no silêncio, tanto das possibilidades exercidas,
quantos das impossibilidades vividas.

Afinidade é retomar a relação do ponto em que parou,
sem lamentar o tempo da separação.
Porque tempo e separação nunca existiram.
Foram apenas a oportunidade dada (tirada) pela vida,
para que a maturação comum pudesse se dar.
E para que cada pessoa pudesse e possa ser, cada vez mais,
a expressão do outro sob a forma ampliada e
refletida do eu individual aprimorado.

Arthur da Távola

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Ladrões e ladrões...















Encontrei-me com o Padre Antônio Vieira que não via há bem trezentos anos. Ele me disse: "Os ladrões que mais própria e dignamente merecem esse título são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e as legiões, ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais já com manha, já com força, roubam e despojam os povos. Os outros ladrões roubam um homem. Estes roubam cidades e reinos. Os outros furtam debaixo de seus riscos. Estes roubam sem temor porque sem perigo. Os outros, se furtam, são enforcados. Estes furtam e enforcam. Que tal?"

Respondi: "Bom".


Millôr Fernades- OESP 25/07/99

E a liberdade de expressão,ó.....



Mais uma vez meu perfil orkut, como o de muitos amigos e amigas, foi deletado, e mais uma vez estou retornando.Infelizmente, vivemos em uma sociedade de contrastes e injustiças, onde o conhecimento permaneceu por milênios como privilégio de um grupo religioso minoritário, porem poderoso, aliciador de impérios e imperadores, de príncipes e principados.Esse grupo era quem ditava as regras, produzia artesanalmente e mantinha sob sua guarda todo o material literário e filosófico, fazia e desfazia reinados, enquanto a plebe emburrecia e sustentava o clero e seus asseclas com a produção. Até hoje, quando oficialmente a igreja esta separada do estado, nenhum governo assume sem antes se ajoelhar e beijar a mão e o anel simbólico de poder da igreja sobre o estado.E não seria diferente em nossa nação tupiniquim.A pátria está de 4, apática, conformista, feliz com "panis et circus"...e a liberdade de expressão existe apenas no papel, "pró-forma"...os falso-moralistas e auto denominados "donos da verdade" ditam as regras de acordo com valores preconceituosos, teocráticos e oligárquicos...pobre sociedade contemporânea...pobres gerações futuras, que terão seu caráter formado em bases tão frágeis, falsas, onde aquilo que se prega não é aquilo que se faz...continuemos com nossa filosofia de vida baseada na realidade daquilo que sentimos e pensamos, e nos ideais nos quais acreditamos...parafraseando uma campanha de marketing, "isso não tem preço".

SeuDonoeSenhor
SDS

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Pensamentos - Sobre a relação D/s









Uma relação D/s (Dominação/submissão) pressupõe algo básico e indispensável para ter sucesso e ser gratificante, cumprindo aquilo que é sua razão de ser (gerar prazer) : a existência de alguém que sinta prazer em dominar e a de alguém que sinta prazer em ser dominado(a) ; e se a relação envolver SM (Sadomasoquismo), a existência de alguém que sinta prazer em causar dor, e de alguém que tenha prazer em sentir dor.Podem parecer definições desnecessárias de tão óbvias, mas não são, ainda existe muita gente que desconhece ou ignora tais conceitos.Se uma das partes não sentir prazer ou se recusar por qualquer motivo a exercer seu papel característico, pode haver qualquer tipo de relação, menos uma relação D/s.
A relação D/s pode sim, e deve, ser muito gratificante e prazerosa, desde que haja harmonia entre os papéis desempenhados pelas pessoas envolvidas, e que haja prazer, felicidade naquilo que se decidiu espontaneamente assumir, que esteja em sintonia com o que se sente.Os papéis são claros: ou se cede poder, ou se recebe poder, o meio termo não tem como existir, a relação sucumbe, já nasce morta.Na relação D/s-SM não existe uma sub que comanda, que decide, isso é balela, incongruência, falência.Uma sub que tenta assumir o comando da relação, direta ou indiretamente, engana-se a si própria, está no lugar errado, agindo de forma errada, perdendo o próprio tempo e fazendo com que outros percam também.Precisa urgentemente rever posições e conceitos com relação ao SM e diante da própria vida.

SeuDonoeSenhor
SDS