sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Carta a uma possivel escrava.








Deixe-me externar algumas preocupações:
1 - Adoro a Internet, sem ela, pessoas como eu e você poderíamos morrer sem encontrar nossos pares, nossos parceiros. No entanto, exatamente a sua eficiência enquanto mídia (a capacidade de reunir todos com todos, a capacidade de transformar cada qual em um autor) a torna o veiculo mais fetichisado que eu tenho noticia, perto dela, até a rede globo parece santa.
Por dentro da internet, o bdsm parece um joguinho de gato e rato com
regrinhas definidas, as conversas seguem a mesma ladainha; 'o que eu gosto', 'quais os meus limites', 'o que voce gosta', perfilam-se ali alguns instrumentos, 'chicote?', 'velas?' e pronto, eis a cena montada, quem bate e quem apanha cada qual em seu lugar, comecemos todos a gozar, até que a vida nos separe.
Pois bem, o bdsm é uma relação afetiva, tão complicada, tão labiríntica, tão contraditória, quanto qualquer outra, com uma diferença ainda: É a única, com excessão do amor romântico, onde é possível viver o amor com toda a sua intensidade.
Até porque nada mais parecido do que o amor romântico e o -masoquismo.
Sob o ponto de vista de um sádico, as coisas são ainda mais claras; como bater em alguém que não se ama? Seria crueldade apenas, sem prazer para ninguém se isto ocorresse. Como caminhar na franja estreita da conjunção entre a dor e o prazer, entre o consenso e a obediência sem o conhecimento profundo do outro que só o amor permite? Se a menina do artigo tem razão, a escrava precisa amar o seu senhor, o avesso é tanto quanto, o senhor precisa amar sua escrava.
Vai dai que as coisas ficam mais complexas, mais intrincadas, e mais belas.
Vai dai que um passeio em um supermercado entre os dois amantes é portador de tanto gozo e carinho que não cabe no mundo. Porque o SM, menina, é capaz de erotizar o mundo. Só ele é capaz desfazer isto. Isto tudo, se constrói com tempo, com paciência, com cuidado, muito cuidado: se algum dia eu vier a te escravizar, será porque te amo, nem um minuto antes.
- É apenas o começo da festa, se soubermos caminhar, sem correr e sem
parar, a aridez do percurso pode ser tão divertida quanto o oásis da chegada.
PODEMOS CONVERSAR, SE VOCÊ CONCORDAR COM ESTES PRINCÍPIOS......

Nenhum comentário: