Gosto quando te calas porque estás como ausente,
 e me ouves de longe, minha voz não te toca.
 Parece que os olhos tivessem de ti voado
 e parece que um beijo te fechara a boca.
 
 Como todas as coisas estão cheias da minha alma
 emerge das coisas, cheia da minha alma.
 Borboleta de sonho, pareces com minha alma,
 e te pareces com a palavra melancolia.
 
 Gosto de ti quando calas e estás como distante.
 E estás como que te queixando, borboleta em arrulho.
 E me ouves de longe, e a minha voz não te alcança:
 Deixa-me que me cale com o silêncio teu.
 
 Deixa-me que te fale também com o teu silêncio
 claro como uma lâmpada, simples como um anel.
 És como a noite, calada e constelada.
 Teu silêncio é de estrela, tão longinqüo e singelo.
 
 Gosto de ti quando calas porque estás como ausente.
 Distante e dolorosa como se tivesses morrido.
 Uma palavra então, um sorriso bastam.
 E eu estou alegre, alegre de que não seja verdade.
Pablo Neruda
terça-feira, 12 de maio de 2009
Gosto quando te calas
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