domingo, 13 de abril de 2008

A Vontade




As cenas de nossa vida são como imagens em um mosaico tosco; vistas de perto, não produzem efeitos – devem ser vistas à distância para ser possível discernir sua beleza. Assim, conquistar algo que desejamos significa descobrir quão vazio e inútil este algo é; estamos sempre vivendo na expectativa de coisas melhores, enquanto, ao mesmo tempo, comumente nos arrependemos e desejamos aquilo que pertence ao passado. Aceitamos o presente como algo que é apenas temporário e o consideramos como um meio para atingir nosso objetivo. Deste modo, se olharem para trás no fim de suas vidas, a maior parte das pessoas perceberá que viveram-nas ad interim [provisoriamente]: ficarão surpresas ao descobrir que aquilo que deixaram passar despercebido e sem proveito era precisamente sua vida – isto é, a vida na expectativa da qual passaram todo o seu tempo. Então se pode dizer que o homem, via de regra, é enganado pela esperança até dançar nos braços da morte! Novamente, há a insaciabilidade de cada vontade individual; toda vez que é satisfeita um novo desejo é engendrado, e não há fim para seus desejos eternamente insaciáveis. Isso acontece porque a Vontade, tomada em si mesma, é a soberana de todos os mundos: como tudo lhe pertence, não se satisfaz com uma parcela de qualquer coisa, mas apenas como o todo, o qual, entretanto, é infinito. Devemos elevar nossa compaixão quando consideramos quão minúscula a Vontade – essa soberana do mundo – torna-se quando toma a forma de um indivíduo; normalmente apenas o que basta para manter o corpo. Por isso o homem é tão miserável.

Arthur Schopenhauer

imagem:


O Tempo eleva a Verdade dentre a Disputa e a Inveja

Nicolas Poussin, 1640-2
Musée du Louvre, Paris


3 comentários:

Anônimo disse...

Caro Mestre,
Você visitou recentemente minha página no Orkut. Ao retribuir a visita, achei teu blog. Quero lhe dizer que a mensagem inicial da mulher moderna que reflete sobre suas conquistas e esta sobre a vida me fizeram admirá-lo pelo bom gosto dos textos.
Como disse Gandhi certa vez, se quer descobrir novos destinos, esteja preparado para trilhar novos caminhos..
Um abraço,
Ric Pino

Anônimo disse...

Caro Mestre,

Vi que recentemente visitou minha página no Orkut, a curiosidade me levou à sua e ao seu blog.
E a leitura da reflexão da mulher moderna (Orkut), a da labilidade da vida e o viver de Schopenhauer e seu texto sobre Mestres e mestres logo abaixo me fizeram escrever.
Tenho pensado, como mestre iniciante e um pouco light se sou ou não, com o texto, decidi, sou.
Como disse Gandhi: se queres conhecer novos destinos, terá de trilhar caminhos desconhecidos.
Um abraço,

Ric Pino

SeuDonoeSenhor disse...

Olá nobre colega,seja bem-vindo.Fico feliz com o seu retorno pois é muito comum que pessoas visitem,se interessem,leiam e saiam sem deixar uma palavra sequer.Respostas como a sua é que me dão incentivo para continua a pesquisar e buscar assuntos que ajudem pessoas assim como vc,a trilhar os caminhos prazerosos de um BDSM sério e verdadeiro.Abraços e disponha sempre.

SeuDonoeSenhor
SDS