domingo, 2 de setembro de 2007

Amor meu...



















Amor meu,

me compreende,
te quero toda,

dos olhos aos pés e unhas,
por dentro,
e toda a claridade, a que guardavas.

Sou eu, meu amor,
quem bate à tua porta.

Não é o fantasma,

não é a que antes se deteve
defronte de tua janela.

Eu boto a porta abaixo:
entro em toda a tua vida:
vou viver em tua alma:

tu não podes comigo.

Tens que abrir a porta,

tens que me obedecer,

tens que abrir os olhos

para que eu saiba deles,

tens que ver como ando

com passos pesados
por todos os caminhos
que, cegos, me esperavam.

Não me temas,

sou teu,

mas

não sou passageiro, nem o mendigo,

sou teu dono,

o que tu esperavas,

e agora entro em tua vida,

para não sair mais,

amor, amor, amor,

para ficar.


Pablo Neruda

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