É impossível percorrer uma gazeta qualquer, seja de que dia for, ou de que 
mês, ou de que ano, sem nela encontrar, a cada linha, os sinais da perversi- 
dade humana mais espantosa, ao mesmo tempo que as gabolices mais sur- 
preendentes de probidade, de bondade, de caridade, e as afirmações mais 
descaradas a respeito do progresso e da civilização. 
     Os jornais, sem exceção, da primeira à ùltima linha, não passam dum 
tecido de horrores. Guerras, crimes, roubos, impudicícias, torturas, crimes 
dos príncipes, crimes das nações, crimes dos particulares, uma embriaguez 
de atrocidade universal. 
     É com esse repugnante aperitivo que o homem civilizado acompanha a 
sua refeição de cada manhã. 
Tudo, nesse mundo, transpira o crime: o jornal, a muralha e o semblante 
do homem. 
      Não compreendo que uma mão pura possa tocar num jornal sem uma 
convulsão de repugnância. 
Charles Baudelaire - In "Diário Íntimo"
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
O Asco da Imprensa
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