O texto é uma passagem do romance de Bernardo Guimarães “A Escrava Isaura”.
-Perdão, senhor!... Exclamou Isaura aterrada e arrependida das palavras que lhe tinham escapado.
- E, entretanto, se te mostrasses mais branda comigo... Mas não, é muito me aviltar diante de uma escrava; que necessidade tenho eu de pedir aquilo que de direito me pertence? Lembra-te, escrava ingrata e rebelde, que em corpo e alma me pertences, a mim só, e a mais ninguém. És propriedade minha; um vaso, que tenho entre as minhas mãos e que posso usar dele ou despedaçá-lo a meu sabor,
- Pode despedaçá-lo, meu senhor; bem o sei; mas, por piedade, não queira usar dele para fins impuros e vergonhosos. A escrava também tem coração, e não é dado ao senhor querer governar os seus afetos.
- Afetos!... Quem fala aqui em afetos!!! Podes acaso dispor deles?...
- Não, por certo, meu senhor; o coração é livre; ninguém pode escravizá-lo, nem o próprio dono.
- Todo o teu ser é escravo; teu coração obedecerá, e se não cedes de bom grado, tenho por mim o direito e a força.
Um comentário:
belissímo!ju
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